sábado, 19 de maio de 2012

Vermelho ao entardecer...


Há aquele azul esverdeado
Ou era apenas um azul confuso fundido num mar salgado?
Depois ao fundo de mim mesmo
Vermelhos que entardeciam
Outras cores, que agora me esquecem
Ou de que me lembro mas não sei como contar
Sem asas sem barco sem pena sem forma de viajar
Ou de escrever
Sei que havia aquele azul esverdeado
Em forma de momento
E o vermelho ao entardecer

terça-feira, 15 de maio de 2012

Despertar


Oh! Que gelo a terra onde desperto


Oh! Que fria a palavra que se ouve ao amanhecer


Oh! Que sólida respiração de notícias do deserto


Oh! Que primeira hesitação na vontade de nascer





quarta-feira, 9 de maio de 2012

Sabes, o pó não será fino...


Sabes,
O pó não será fino
Terá grãos alucinados de partículas sobreviventes
Onde te conheci
Outros, onde te amei
Serão estruturas coloridas
Vibrando sobre os cinzentos
Das coisas sofridas
Nenhuma mó de nenhum moinho
De nenhuma cidade de vento
Conseguirá reduzir a fumo
O inusitado sentimento
De nossos braços em assédio e movimento
O pó não será fino
Terá grãos alucinados de partículas sobreviventes
Onde te conheci

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Intermezzo na tua condição...


Intermezzo!
É apenas uma interjeição receosa
Que te surpreende no espaço
Onde tudo regressa
Na sua forma vagarosa?
Ou nessa crescente palavra que em ti se confessa
Há agora uma certeza em suspensão
Uma dúvida metódica sobre o ser
E a sua condição?
É a banalidade o vício de forma da virtude
Ou a sua execução?
Podes voar sem olhar, sem garantir
A delicada compreensão?
Ou riscos e angústias
Podem esperar-te em cada imaginada estação?
Queres repousar com as tuas dúvidas
Adornado das tuas fraquezas
Sem esperar nem pedir nenhum perdão
Não te podes submeter
A nenhuma moral que apodreça na tua mão
Porque é dessa impune subtileza
Que depende complicada
A tua condição
E a liberdade te concede
A sua dignidade
A vida a sua beleza
E o momento a sua verdade

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A suavidade do amor que tudo justifica...


A água corre misteriosa
A ponte contempla a água
A boca bebe a água sequiosa
A dor intensa deixa-se levar pela água
A água lava as feridas e purifica os sentidos
Sob a ponte canta
E vai com a corrente até aos teus ouvidos
Dizer-te
Que tudo continua bem neste continente
Que os nossos amanhãs soam agora a canções de guerra
E a poemas de insubmissão
Mas que juramos não esquecer
Seja qual for a força do furacão
A suavidade do amor
Que tudo encerra
Que tudo justifica
Que repousa intocável
Na tua e na minha mão