quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Pergunta sobre a Sinfonia Universal


Ao princípio os elementos eram inertes e sólidos
E cinzento o recanto onde a água congelou
Depois um raio tremendo na imensidão se desenhou
Esculpindo o ferro e o fogo
E a vida palpitou
Longo, interminável esquecimento
Num momento
Um homem horrendo
Respirou
A seu lado
Uma clara espécie
Depois chamada de árvore, serpente e anjo
Já respirava
Como mais tarde se provou

Foi assim que a humanidade começou?

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Regresso a Ouro Preto


“Bela e negra como a noite pura
A negra branca a minha mão segura
Não sei de nós nesta noite escura
No regaço uma flor transpira gotas de espuma
A boca é boa e branca como a noite pura”


(Ouro Preto, 13/08/11)

domingo, 22 de setembro de 2013

No meio de um parque

Colocas-te no meio de um parque
Talvez para te confundires com tudo à tua volta
Achas que porque tentas imitar uma árvore que esbraceja intemporal
Vais nessa onda perene das coisas mudas
Tu que não viveste para a ver nascer
Não te iludas
Serás descoberto no tempo certo de morrer

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Ruínas

Ruínas
Mar sem propósito
Braços que circundam outros braços de fumo
Ombreiras sem portas
Janelas desventradas no seio das casas
Pátios desolados
Animais sem dono
Ainda os primeiros gemidos de quem nasce
Ou serão os últimos suspiros de quem morre
Ruínas que nos esclarecem
Quando estamos sós
E o tempo como o vento
Aos nossos olhos
Corre

(Sobre as "Ruínas" de Rodrigo Leão)