Palavras
Que escrevo
À procura do texto
Com enlevo
Para que a música se faça ouvir
Ou que a ideia
Me dê outra vontade de sorrir
Espalho as palavras na folha de papel
(este exercício não é possível no automatismo estéril do computador)
Depois
Toco a reunir
Agrupo-as por sabor
Numa linearidade curva
Ou na triangulação
Do quadrado
O pentaedro pergunta-me
O que faço aqui
Neste plano confuso a que não pertenço?
Respondo-lhe
Afagando os seus limites
As linhas são só
Para que tu existas
São apenas um material de construção
As vidas sim
São feitas no espaço
Lá onde dizem que o Infinito existe
Mesmo se sonhas que é na tua imaginação
Queria tocar-te por dentro
E todo o meu esforço é inglório
Penso com denodo nesse limite
Que só um monstro pode atingir
Quando caio em mim
Volto a escrever as palavras
E peço-lhes
Que se movam para eu sentir
Que se agarram umas às outras
Aqui costumo sorrir
E voltar ao princípio
Da mesma maquinação
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