Não escrever
Por ter a certeza
Que quando escreve
Já mente
Porque se retarda a síncope
Entre o pensamento
E a mão que se movimenta
Lenta, lenta, lenta…
Quando volta atrás para reescrever
Já pouco consta do original momento
Em que subitamente
Uma ou duas fusões de energia inteligível
Lhe tinham ditado uma sequência de palavras
Que agora esquece
Hesita
Lamenta a ideia que adormece
Fica assim numa angústia
De não vivência
De impermanência
Da impossibilidade sofista
De traduzir em tempo real
O que na sua memória acontece
Maravilhoso ou banal
O prazer da escrita
Dissipa-se
Num tom de desdita
De dizer algo
Que já não refere a realidade
Maquilhando a verdade
Que assim
Nunca é dita
Por ter a certeza
Que quando escreve
Já mente
Porque se retarda a síncope
Entre o pensamento
E a mão que se movimenta
Lenta, lenta, lenta…
Quando volta atrás para reescrever
Já pouco consta do original momento
Em que subitamente
Uma ou duas fusões de energia inteligível
Lhe tinham ditado uma sequência de palavras
Que agora esquece
Hesita
Lamenta a ideia que adormece
Fica assim numa angústia
De não vivência
De impermanência
Da impossibilidade sofista
De traduzir em tempo real
O que na sua memória acontece
Maravilhoso ou banal
O prazer da escrita
Dissipa-se
Num tom de desdita
De dizer algo
Que já não refere a realidade
Maquilhando a verdade
Que assim
Nunca é dita
Não vale a pena
ResponderEliminarNinguém me tira
Ninguém será capaz
A minha fé de aniquilar
A maravilha de saber amar
As palavras.
Nenhum ruído de comunicação
Pode abafar este meu jeito
De ouvir deliciada
As palavras de que tanto gosto...
Num intimismo tal
Tornadas minhas
Como saídas do meu coração.
Ninguém
Me vai impedir
Para continuar a amar apaixonadamente
A palavra
Todas as palavras
Embrulhadas nos livros
No verso da poesia
Que dizem por amor e da dor...
E voo sobre as águas
Num arrojo de altura
Ao lado de Fernão Capelo Gaivota...
Bem vêem
Não conseguem destruir
Minha capacidade de amar
Esta serena sintonia da vida...
Não vale a pena
A palavra é uma mais valia
Da resistência aos ódios que não sei
De todas as guerras que repudio
De todos os petróleos que jorram das entranhas da terra
E conspurcam os homens...
De todas as fomes
De todas as injustiças
De todas as mortes de não valer a pena.
De cada pranto nascerá o riso
De cada noite surgirá a alvorada
A cada vingança oporei a temperança...
Em cada juízo
Colherei as possíveis e novas aprendizagens...
E hei-de percorrer os campos e as cidades
Os mares e os desertos
A realidade e o sonho...
Aprofundar mais e mais
A minha capacidade de amar
As gentes e as coisas
De todas as eras e de todos os espaços.
E quando assim não for...
É para retemperar as forças.
Não vale a pena, pois!
Não quero uma razão
Redutora das palavras
Que são um impulso da vida
Que faz vibrar o espírito
E olhos mágicos a brincar com as palavras
Encantados na sua pulcritude
De silabas e fonemas
Seja “maquilhando a verdade
Que assim
Nunca é dita”
Oi! Ficou tão grande! Foi o que saiu... Desculpe! Disse que era bem vinda! Desculpe! Eu... não sei
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