Posso amar como Bécaud uma jovem russa
Numa praça vermelha que regurgite de bolcheviques
Retirados entretanto de circulação
Posso cantar como Brel uma indígena muda
De ilhas longínquas e ignorar os seus caciques
Ou os reis bruxos desse Butão
Posso beijar os campos onde os guetos proliferam
E não sentir o odor do sangue
Nem a maldição ou a maldade humana
Posso vender flores ao desbarato
Para que a todos calhe o seu quinhão
De beleza ou da simples ilusão que jana
Posso reiterar esforços e escamotear contrastes
Imaginar que a vida procura o equilíbrio
Quando já sei que este nunca será atingido
Posso dizer o que penso quando não sonho
Recitar as desilusões que a moral me incutiu
Imaginando que o Homem é tão só
Numa praça vermelha que regurgite de bolcheviques
Retirados entretanto de circulação
Posso cantar como Brel uma indígena muda
De ilhas longínquas e ignorar os seus caciques
Ou os reis bruxos desse Butão
Posso beijar os campos onde os guetos proliferam
E não sentir o odor do sangue
Nem a maldição ou a maldade humana
Posso vender flores ao desbarato
Para que a todos calhe o seu quinhão
De beleza ou da simples ilusão que jana
Posso reiterar esforços e escamotear contrastes
Imaginar que a vida procura o equilíbrio
Quando já sei que este nunca será atingido
Posso dizer o que penso quando não sonho
Recitar as desilusões que a moral me incutiu
Imaginando que o Homem é tão só
Um um ser fruste e fugidio
Posso tudo o que quiser de peito aberto
Mas chegado o momento estou certo
As páginas voarão para um lugar desconhecido
O céu ficará sem cor
Posso tudo o que quiser de peito aberto
Mas chegado o momento estou certo
As páginas voarão para um lugar desconhecido
O céu ficará sem cor
E o pensamento e a dor
Perderão para todo o sempre
O sentido
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