domingo, 6 de junho de 2010

Este é o nosso deserto

Este é o nosso deserto
O mergulho imprevisível
Na absoluta consciência
Da morte ímpia e visível
Essa espécie de temor
Porque amanhã não há poesia
Ou porque é o último dia
Para respirar as palavras
De Pessoa ou de Sophia
Uns encontram um ser de amor
E desafiam a eternidade
A alguns basta saberem
Que a morte é só o decreto
Que garante a igualdade
Mas outros evocam a sorte
Nos despojos da existência
À procura do sentido
Do outro ser que lhes falta
Nenhum aviso é ouvido
Nas areias movediças
Do desejo que os confunde
Quando mergulham sofridos
Pensam nus mas vão vestidos
Da ganga da humanidade
Só lhes resta no final
Fugirem para as palavras
E esconderem a verdade

Sem comentários:

Enviar um comentário