terça-feira, 4 de outubro de 2011

Laranjeira em flor

Tinhas-me pedido uma flor

Que te beijasse o ventre

Que te acalmasse a dor

Como as flores o fazem sempre

Mas a flor que em mim nasceu

Tinha mais

Das pétalas saiu a borboleta

Que te enleou os seios

De princesa caçoleta

O caule erecto

Agora bem vivo e quente

Soltava gotas de orvalho

Pela noite dentro

E mesmo os espinhos

Que ferem sempre

Se deixaram arredondar

À tua frente

E ficaram tocando

Sem pudor

Recônditos suspiros de encantar

Era já o fim da madrugada

As estrelas recolhiam para sonhar

E a flor talvez cansada

Ensaiou uma última canção

Repousou na tua mão

E nesse recolher

De flor intensa

Murmurou ainda

Uma palavra densa

Que te adormeceu no teu torpor

Falando ou sonhando

Disse claramente

Bendita vida meu bendito amor

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