quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A maquinação das palavras

Palavras

Que escrevo

À procura do texto

Com enlevo

Para que a música se faça ouvir

Ou que a ideia

Me dê outra vontade de sorrir

Espalho as palavras na folha de papel

(este exercício não é possível no automatismo estéril do computador)

Depois

Toco a reunir

Agrupo-as por sabor

Numa linearidade curva

Ou na triangulação

Do quadrado

O pentaedro pergunta-me

O que faço aqui

Neste plano confuso a que não pertenço?

Respondo-lhe

Afagando os seus limites

As linhas são só

Para que tu existas

São apenas um material de construção

As vidas sim

São feitas no espaço

Lá onde dizem que o Infinito existe

Mesmo se sonhas que é na tua imaginação

Queria tocar-te por dentro

E todo o meu esforço é inglório

Penso com denodo nesse limite

Que só um monstro pode atingir

Quando caio em mim

Volto a escrever as palavras

E peço-lhes

Que se movam para eu sentir

Que se agarram umas às outras

Aqui costumo sorrir

E voltar ao princípio

Da mesma maquinação

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