quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

As futilidades profundas


As futilidades profundas
Rasgam os céus
Dissolvem as nuvens
Em intensos carneirinhos
De algodão
Dobrar ou não dobrar um papel

Por uma questão de apresentação
Sonhar como quase todos sonham
Numa história de cordel
Que não avança nem atrasa
Mas que os põe em brasa
O mundo é uma emoção barata
É preciso é muita lata
Afinal na sua maioria
Filhos de manhosos investidores
De ares sofisticados ou mesmo doutores
Nem percebem do que se trata
Preenchem páginas abertas
Em forma de formulários repetitivos
Problemas como o dos relógios que se atrasam
(Já não se levam ao relojoeiro, os relógios
As profissões já não são o que eram dantes)
Sempre os mesmos aperitivos
E o mesmo uísque marado
Que infecta os neurónios
De cada momento mal passado
Prefiro o silêncio
Que dizem não se gasta
Ou o pensamento alado
Ao alcance de qualquer casta
Mesmo na indigna visão indiana
Que faz a lei em Madrasta
Onde se luta por acordar
Numa manhã qualquer
Sem o estômago colado às costas
Daria para perguntar
No meio de cheiros nauseabundos
Se eles, os vagabundos
Ou os outros de qualquer nome
Anseiam dobrar papéis antes de os ensacar
Na reciclagem ansiosa da sua fome?

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