terça-feira, 2 de março de 2010

Chove uma maré antiga...


Chove uma maré antiga
Que a terra seca já esquecera
Abrindo as suas frestas par em par
Como uma virgem envelhecida
Por uma longa espera de cera
Chovem sobressaltos de vento
Que arrancam às árvores um lamento
E as fendas não se fecham
Ensopam-se na seiva do futuro
Reabrem-se num muro
Que deixam às portas da morte
Como a ânsia de desmoronar
O sol que já queimava
Planície e vale e serra e tudo
O momento agonizava
Nem a paixão do sol que imperava
Suportava agora o silêncio mudo
Da natureza que secava
Chove uma água bendita
Nas cidades
Falam dos inconvenientes
Nas aldeias
Noites trágicas são frequentes
Mas o coração que ama a vida
Exulta na tempestade
Como a paixão que sempre sente
O ser que revive a puberdade

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