segunda-feira, 19 de abril de 2010

O Caos e a Mente (a Edward Lorenz)


O caos alimentou a tua mente
A tua mente nunca mergulhou no caos
Acreditavas que uma borboleta é gente
E que a borracha não podia vir só de Manaus
Garantiste que nada se pode prever
À distância de um segundo mais adiante
Só que os mercados continuaram a mentir
E os analistas de serviço pago e ignorante
A garantir que era teu, o desplante

Era estranho que as leis garantissem o desfecho
Era natural que nada se deixasse antever
Será que apenas te dedicaste da globalidade ao trecho
Onde o detalhe que inventaste
Não era a abertura mas o fecho?

Glória a Eduardo Lourenço
Já que na minha língua apaixonada
Edward Lorenz não é nada
Glória
Na imensa luz onde viveu
Que os que aqui ficamos
Só pensamos na modernidade
Onde já não existe o eu
(Escrito em 2008 aquando da morte de Edward Lorenz e publicado agora para saudar o artigo de Rui Tavares no Público de hoje, intitulado "Momento epictetiano" sobre "as coisas que não podemos controlar" )

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