quinta-feira, 8 de abril de 2010

Olhamos o exterior

Olhamos o exterior
Adormecemos
Sono inocente
Sonho indecente
O momento desperta
Irrompe uma fonte
Algo se esfarrapa
Na tua fronte
Em flocos de neve
Que não conhecemos
Senão lá de fora
O amor já aqui esteve
Agora não sabemos
O que dizer
Abrimos os olhos
No silêncio da noite
Abraçamos escolhos
Assustados recitamos
Rupturas e salmos
Às vezes choramos
E as lágrimas só secam
Ao amanhecer
É então que nos olhamos
Não queremos esquecer
Onde regressamos
Quando anoitecer

2 comentários:

  1. "O Conhecimento pode ser ensinado
    e comunicado mas não a sabedoria." (Herman Hesse)
    Eu direi que o conhecimento pode ser ensinado mas não a poesia. Por isso para mim não vou caminhando para construir um, ou o caminho. Não é pela idade... É que a poesia vem de cá de dentro e precisa de palavras para se espraiar. Não importa de amor ou de dor... importa, sim, que sejam aquele instante sentidas.

    Lembro-me das palestras, do prefácios, da poesia... dos dois livros... dos meus poemas que ainda escrevi e não publiquei, ou a brincar ou a chorar...

    Tenho de esquecer! Obrigada por ter dito a verdade, que a bem dizer eu sabia... não era como antigamente, demorava bastante, dantes era de um só fôlego. Também escrevi tantos que não tem jeito...

    O que importa é que sei ler e leio...

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  2. Poesia, essa companheira de tantos momentos de emoção onde estar só é um suplício. Aparece como uma necessidade das palavras que brotam e nos soam reflectindo o exterior na nossa memória, no nosso momento. Não há maneira de fugir a essa necessidade. O que interessa se os outros avaliam bem ou mal? A poesia que imaginamos e escrevemos é algo que faz parte de nós, uma forma cadenciada e veloz de sentir o mundo (uma seta mais rápida do que a tristeza em linha recta). Penso que escrever é para si uma urgência. Mesmo as palavras que brinquem com a loucura serão bem-vindas...

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